O Maranhão é conhecido como principal centro de preservação da cultura dita Mina do Brasil, sendo dividida em duas linhas principais, Jejê (Casa das Minas) e Nagô (Casa de Nagõ). A Casa das Minas surgiu na 2ª metade do século XIX e é o terceiro terreiro do Livro de Tombo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), sendo tombada em 2002 ao lado do Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho Ilê Axé Iyá Nassô Oká, Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá. A Casa das Minas era um terreiro de culto exclusivo aos voduns, aos deuses jejes, os quais, entretanto, hospedam alguns voduns nagôs, ou orixás. Respeitando a tradição matriarcal vinda da África, a Casa sempre foi chefiada por mulheres, que eram denominadas de vodunsis (são as devotas que recebem as entidades, os voduns, em transe). Desde sua fundação, a Casa foi comandada por seis vodunsis. Em São Luís, a Casa das Minas é uma casa de culto afro-religioso fundada por escravos originários do Benim, falantes da Língua Fon, do grupo lingüístico ewe-fon.
O Terreiro está localizado na Rua de São Pantaleão, n. 857, também é chamado Querebentã de Zomadônu, Querebentã, em língua jeje, quer dizer “casa grande” e Zomadônu é o nome da divindade protetora dos seus fundadores e o dono da Casa. Os voduns cultuados na Casa estão organizados em três famílias distintas: Davice (principal família jeje, a qual pertence Zomadônu), Dambirá (família jeje, cujos membros são hóspedes da família Davice) e Quevioçô (Zomadônu nagô, hóspede da família Davice, cujos integrantes, por pertencerem à outra nação, não se comunicam). A casa é formada por dois casarões cercados por um muro, possui duas portas e seis janelas que se abrem, diretamente, para a Rua de São Pantaleão. É constituída por inúmeras salas, distribuídas ao longo de uma varanda e um corredor que dá acesso ao terreiro. No interior da casa se encontra o comé, área sagrada, que está sempre fechada e, para transpô-la, há exigências a respeitar-se. Dentro do comé, se encontra o péji, santuário ou altar dos voduns da Casa.
Curadoria: Marilande Martins Abreu Reinilda de Oliveira Santos
REFERÊNCIAS
FERRETTI, Sérgio F. Querebentâ de Zomadônu: Etnografia da Casa das Minas do Maranhão. 3ª ed. Rio de Janeiro: Pallas, 2009. Original: 1983, 1ª ed. UFMA: 1986, 2ª ed. EDUFMA: 1996.
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. Terreiros Tombados. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/1312/ . acesso em 28 de set de 2021.